"O eixo TolI-Bradicinina: uma via de integração entre o sistema microvascular e imunidade inata na infecção chagásica". Centrado na investigação dos mecanismos de imunopatogenese na Doença de Chagas, as pesquisas realizadas pela equipe objetivam esclarecer a contribuição do Sistema Cinina (KS) no delicado balanço da relação parasito-hospedeiro.

O interesse em estudar o envolvimento de cininas vasoativas na interação do parasita com endotélio vascular foi despertado por achados bioquímicos, obtidos no final da década passada, atribuindo à cisteíno proteinase majoritária (cruzipaína) a função de "liberar" o nonapeptideo lisil-bradicinina, um potente mediador de inflamação, de um segmento interno de seus precursores proteicos, os Cininogênios.

Em estudos subsequentes, demonstramos que o contato entre o parasita e a célula alvo favorece à ação processadora da cruzipaína, resultando na liberação de cininas nas áreas de justaposição das membranas plasmáticas. Este processo parece ser relevante para a persistência do parasítlsmo no tecido inflamado, tendo em vísta que o Cininogênio de Alto Peso Molecular (HK) pode ser retido na superfície de células mamíferas, graças a interações com diversas glicosamino¬glícanas.

Consistente com esta proposição, a análise dos mecanismos de invasão celular (cultivo primário de células endoteliais humanas (HUVECs) e cardlorníócítos de rato) revelou que as células tornam-se mais suscetíveis à infecção por bipomastigotas, em consequência dos 2+ fortes transíentes de Ca intracelular que os parasitas disparam através de receptores constitutívos (82) e/ou induzidos (81) de cíninas (KRs).

Além de caracterizar os agonistas e receptores envolvidos na invasão celular, estes estudos também demonstraram que a infectividade do parasita é criticamente modulada pela atividade de determinadas metalopeptidases, (eg. a enzima conversora de angiotensia (ACE) e carboxípeptidase M/N), ambas envolvidas na degradação catab6lica das cininas.

Mais recentemente, a análise do curso temporal da resposta edematogênica que os tripomastigotas induzem no camundongo, revelou que os receptores 82 e 81 de cininas são sequenoíalmente ativados nas primeiras 24 horas da infecção. A análise deste processo ainda sugere que a ativação dos reoeptores de cininas pelos parasitas (mediada pela cruzipaína) é precedida pela difusão do substrato de origem plasmática, os Cininogênios, nos sítios de infecção. A análise da etapa inicial deste processo indica que depende da ativação inicial de receptores de tipo TolI (Tl2), presumivelmente devido ao estimulo proinflamat6rio das ancôras de glicosítfosfatídilínosítol (tGPI-mucinas) expressas por tripomastígotas.

Concluindo, nossos estudos sugerem que a via mediada por TLR2-KRs é um eixo de convergência entre respostas microvasculares e mecanismos de ativação de imunidade inata. Estudos em andamento deverão esclarecer se estes processos influenciam o perfil da resposta imune adaptativa e patogênese da doença de Chagas, bem como de outras doenças infecto-parasitárias.

Equipe:

Chefe de laboratório
Julio Scharfstein

Mestrandos
Larissa Nogueira de Almeida

PROGRAMA: 
Imunobiologia